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Para entender por que a obesidade está avançando no mundo de hoje é necessário fazer uma viagem ao passado. Nossos ancestrais tinham grande dificuldade para conseguir alimentos e mais ainda para estocá-los. Por isso, a natureza encarregou-se de dotar o corpo humano de um mecanismo para armazenar energia. Esse mecanismo consistia em impulsionar o homem, por meio da fome, a ingerir uma grande quantidade de calorias. E a fazer seu organismo transformar o excesso em gordura, armazenando-a para os períodos de carência de alimentos. Com um detalhe: nossos antepassados comiam principalmente sementes, raízes e frutas. Foi para esse padrão alimentar, portanto, que a genética preparou o organismo herdado por nós. O problema é que nosso estilo de vida é completamente diferente daquele.

 

Temos eletrodomésticos para realizar o trabalho doméstico, carros para nos transportar e diversas outras facilidades que nos livram de fazer esforço. Além disso, temos pressa na hora das refeições, somos bombardeados por propaganda de comida e vivemos rodeados de alimentos excessivamente calóricos.A combinação de um organismo preparado para armazenar gordura com uma vida cada vez mais cômoda forma um terreno fértil para a expansão da obesidade no mundo.

Mas o problema tem solução! Veja depois o depoimento de pessoas que emagreceram, e muito. São pessoas normais, que encontraram o caminho para emagrecer comendo de tudo, adotando novos e simples hábitos no dia-a-dia.

Doenças que provocam ganho de peso

Técnicas de Como Emagrecer sem Voltar ?

Muitas pessoas acreditam que são obesas em decorrência de algum problema de saúde. De fato, existem doenças que provocam aumento de peso..Mas elas são pouco comuns, respondendo por menos de 5% dos casos. Além disso, geralmente apresentam outros sintomas muito evidentes.
Entre essas doenças, uma das principais é o hipotireoidismo, um distúrbio que faz a glândula tireóide produzir menos hormônio do que o normal. Essa queda reduz o metabolismo e a eficiência de alguns órgãos. Os sintomas são ganho de peso discreto (sem aumento do apetite), cansaço, mãos, extremidades e face inchados, pele seca e queda de cabelo. O tratamento usual é feito com medicamentos de reposição hormonal. Outro mal que acarreta ganho de peso é o aparecimento de tumor nas glândulas supra-renais, que também produzem hormônios reguladores do metabolismo. Seu mau funcionamento gera excesso de pêlos no corpo, inchaço, acúmulo de gordura no rosto e no dorso, além de estrias (o acúmulo de gordura leva ao estiramento da pele).
Entre as doenças que engordam, outras que se destacam são o hipogonadismo (quantidade deficiente de hormônios sexuais), a insulinoma (excesso de insulina no organismo) e os transtornos emocionais, incluindo a depressão e a ansiedade patológica.Para saber se a obesidade é decorrente de algum desses ou de outros males, o caminho é procurar um médico.

Por que engordamos?

O que faz uma pessoa engordar é o fato de consumir mais calorias do que seu organismo precisa para funcionar e realizar os trabalhos do cotidiano. .Nesses casos, o organismo transforma o excedente em gordura, formando uma reserva de energia..Essa capacidade de armazenar energia foi muito importante no desenvolvimento da espécie humana. Graças a ela, nossos ancestrais puderam sobreviver a longos períodos de carência de alimentos, mesmo tendo de realizar muito mais esforço físico do que nós, em tarefas como caçar, se locomover ou se defender dos inimigos. Com a fartura e as facilidades dos dias de hoje, no entanto, essa característica genética passou a levar ao aumento de peso e à obesidade.
O avançar da idade também exerce influência nesse processo. Com o passar dos anos, nosso organismo reduz a produção de vários hormônios, fazendo com que os músculos se transformem mais facilmente em gordura. Com menos músculos, o metabolismo desacelera e queima menos calorias.
Para evitar ou reverter o aumento de peso, o ideal é combinar uma alimentação equilibrada com atividade física.

O perigo da luta contra a balança

Na busca de um corpo perfeito, as pessoas acabam deixando de lado a saúde e passam a ter uma relação pouco harmoniosa com a comida. Não caia nesta armadilha! Os transtornos alimentares representam uma preocupante “epidemia” que vem se espalhando principalmente em países mais desenvolvidos e atingindo mais freqüentemente adolescentes e adultos jovens. Os padrões de belezas atuais aliados à rejeição social ao excesso de peso e obesidade, principalmente entre as mulheres, fazem com que as adolescentes sintam uma necessidade incontrolável de ficar muito magras para serem aceitas num mundo em que o sucesso é divulgado através da perfeição estética de top models famosas. É a chamada “epidemia de culto ao corpo”, no qual só há espaço para corpos “malhados” e “sarados”. O ato de comer é controlado por inúmeros fatores, incluindo apetite, disponibilidade de alimentos, hábitos familiares e culturais, pressões sociais e tentativas voluntárias de controlá-lo. Por todos esses motivos vem deixando de ser algo prazeroso em detrimento ao culto da magreza. Fazer dieta para emagrecer sem levar em conta a saúde é amplamente promovido pelas tendências da moda, propaganda, algumas atividades físicas e certas profissões. Os transtornos de alimentos são definidos como desvios de comportamento alimentar que podem levar ao emagrecimento patológico ou à obesidade, entre outros problemas de saúde relacionados a essas condições decorrentes da extrema preocupação com o peso e a imagem corporal. Apesar da alimentação parecer um ato biologicamente automático, está intimamente relacionada a sentimentos como insegurança, bem-estar, afetividade, eventuais carências e angústias, sem esquecer a relação entre alimentação e experiências sociais, pois a maioria dos eventos sociais envolve comida e bebida. É, portanto, uma forma de comunicação social. Os principais tipos de transtornos alimentares são a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o comer compulsivo. Uma das características da anorexia e bulimia é o medo exagerado de engordar e graus variados de deturpação da imagem corporal, sendo que aproximadamente 90% são mulheres. A maioria dos casos costuma ocorrer entre os 14 e 18 anos de idade, mas a incidência vem crescendo de forma preocupante em idades inferiores, atingindo meninas de apenas 12 anos de idade.

História da Nutrição humana

Hipócrates, há vinte e cinco séculos atrás, já reconhecia a importância do equilíbrio entre o consumo de alimentos que fornece combustível para o corpo (consumo energético) e atividade física (gasto energético) para a saúde. Hipócritas também notou que os obesos morriam mais cedo. Os gregos eram orgulhosos de seus atletas e a ginástica não era exclusividade de poucos, mas sim parte integrante das atividades diárias da vida de todos. Para Hipócrates, a atividade física e a alimentação eram fatores preponderantes para a saúde, pois preservavam-na e suplementavam a medicina que alterava o corpo, mudando do estado adoentado para o normal. A influência da alimentação e das atividades físicas na saúde tem sido portanto observada há dezenas de séculos e uma enorme quantidade de evidências a respeito tem sido acumulada. À medida que a ciência e a medicina evoluem, com uma velocidade fenomenal, mais evidências do papel positivo da alimentação e das atividades físicas na saúde são encontradas a cada dia.

Avanços da Nutrição

Durante o século passado, a nutrição ainda se preocupava muito em combater as deficiências nutricionais. Essa ênfase mudou para a importância das necessidades de nutrientes para a boa saúde por toda a vida. Isso fez com que as recomendações de nutrientes passassem a se preocupar não somente com o tratamento de doenças causadas por deficiências de nutrientes, mas também com a prevenção de doenças no futuro que podem ser evitadas com o consumo adequado de nutrientes. Nos meados de 1850, programas de prevenção já estavam sendo propostos como programas de saúde pública. E essa tendência cresce a cada dia. É evidente que a prevenção, enfatizando o papel da alimentação, escolhas alimentares e a atividade física, é necessária para se reduzir os custos com a saúde e aumentar a qualidade e a expectativa de vida das pessoas.
Influência da Nutrição na Saúde e Doença

Cerca de 50% da mortalidade por doenças crônicas podem ser atribuídas à fatores do estilo de vida das pessoas. A alimentação está entre esses fatores, em conjunto com o hábito de fumar e o de beber álcool em excesso. Já está comprovado que uma alimentação saudável e atividade física promovem saúde e reduzem os riscos de doenças crônicas tais como: doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, certos tipos de canceres, hipertensão e obesidade. Tratar e prevenir doenças através da alimentação já se provou ser eficiente e econômico. O melhor que você tem a fazer é garantir sua qualidade de vida hoje, ao invés de esperar e sofrer com doenças possíveis de serem prevenidas por intermédio de um estilo de vida bem saudável.O significado social e médico da gordura corporal foi mudando, de acordo com as transformações das condições de vida e expectativas da cada cultura, passando de prestigiada e desejada no começo da história para, antiestética e perigosa na atualidade.O tecido adiposo até pouco tempo atrás, era considerado um tecido inerte, mero depósito de células gordurosas que acumulavam energia para ser queimada num momento de necessidade.Com o isolamento da leptina (do grego leptos que significa magro), essa história começou a mudar. A leptina é um hormônio produzido e secretado pelos adipócitos, e em menor quantidade pela placenta e folículos de Graaf, tendo ação no sistema nervoso central, promovendo menor ingestão alimentar e aumento no gasto energético por meio da sua ação no hipotálamo. Ela é produto do gene ob  e circula no plasma de forma livre ou ligada à proteínas.O fato de animais em experimentação, deficientes em leptina, manisfestarem hiperfagia e obesidade fez pensar que havia sido identificado o hormônio específico da magreza, trazendo suporte à teoria da regulação do peso corporal por um circuito adiposo- cerebral que controlava o apetite.A leptina atua como sinalizadora no hipotálamo, estimulando a síntese de neuropeptídeos anorexigênicos que diminuem a ingestão de alimentos pela sensação de saciedade. Esses neuropeptídeos, por sua vez, inibem a síntese do neuropeptídeo Y, o qual  tem como função, estimular a ingestão de alimentos e inibir a termogênese. Tal neuropeptídeo é diminuído por altos níveis séricos de insulina, o que causa o  aumento da lipogênese, síntese protéica e armazenamento de glicose. A leptina estimula o sistema nervoso simpático, levando ao aumento da norepinefrina (NOR), a qual age nos adipócitos por sinalização via AMP-cíclico e proteína quinase A, estimulando a transcrição do gene para proteínas desacopladoras da fosforilação oxidativa. Essa proteínas formam canais que permitem a entrada de prótons na matriz mitocondrial sem passar através do complexo ATP sintetase, levando  à oxidação contínua de ácidos graxos sem síntese de ATP, com dissipação de energia na forma de calor. Isto leva a um aumento no gasto de energia no tecido adiposo, com estímulo à lipólise. Como  a produção desse hormônio é proporcional ao volume do tecido adiposo, em seres humanos obesos, quanto maior a quantidade de tecido adiposo, maiores os níveis de leptina circulante. Isto  é um paradoxo, já que níveis elevados de leptina deveriam diminuir o apetite e aumentar o gasto energético. Os níveis de leptina circulantes parecem estar diretamente relacionados com a quantidade de RNAm para leptina no tecido adiposo. Além disso, vários fatores metabólicos e endócrinos contribuem para regular a transcrição dos genes da leptina em adipócitos. Trabalhos realizados com programas de intervenção para obesidade mostraram que, após a perda de peso, a redução dos níveis de leptina foi relacionada com a redução dos níveis de insulina, demonstrando haver uma relação direta entre esses dois hormônios.Glicocorticóides (como o cortisol), infecções agudas e citoquinas inflamatórias; aumentam os níveis de leptina, porém, baixas temperaturas, estimulação adrenérgica, hormônio do crescimento, hormônios tireoidianos, melatonina e o fumo têm  propriedade de diminuir os níveis desse hormônio. Na infância e na adolescência há diferença dos níveis plasmáticos de leptina entre os sexos: nas meninas, os níveis de leptina aumentam progressivamente de acordo com a idade, com o ganho de peso e com a gordura corporal, enquanto que nos meninos ocorre uma diminuição progressiva. A relação da leptina com níveis elevados de insulina, triglicérides, LDL-Colesterol, colesterol total e pressão arterial sistólica e níveis baixos de HDL-Colesterol foi observada em um grande estudo com 1264 crianças chinesas. Crianças com níveis mais elevados de leptina apresentavam valores significativamente mais elevados de pressão arterial sistólica, triglicerídeos e insulina do que aquelas com níveis mais baixos de leptina. Esse hormônio pode ser visto com um marcador da obesidade e das alterações metabólicas relacionadas. A leptina foi considerada, em grande estudo prospectivo, como fator de risco independente para doença cardiovascular. Enfim, o tecido adiposo é muito mais que um tecido de reserva, ele é imprescindível para conservar a saúde metabólica.

Prevalência, riscos e soluções na obesidade e sobrepeso:

AO LONGO DE HISTÓRIA DA HUMANIDADE, ganho de peso e depósitos exagerados de gordura foram vistos como sinais de saúde e prosperidade. Em tempos de muito trabalho e freqüente falta de alimentos, assegurar uma ingesta energética adequada para manter as necessidades mínimas de sobrevivência foi indispensável para a evolução da espécie humana, durante séculos e séculos de privações e carências calórico-protéicas, onde eram necessários muito trabalho, principalmente físico, para a obtenção e preparo dos alimentos. Hoje, no entanto, como existe facilidade para se obter alimentos, e o padrão de vida está cada vez mais sedentário, as pessoas comem cada vez mais e se movimentam cada vez menos, levando a um superávit calórico e favorecendo a obesidade nas pessoas predispostas geneticamente, tornando-se então numa ameaça que cresce como uma gigantesca onda, que ameaça a saúde dos habitantes da maioria das nações, principalmente as do mundo ocidental. Cada vez mais a obesidade vem chamando a atenção da comunidade científica, por se mostrar uma doença grave, multifacetada e de genética complexa, que, associada às suas co-morbidades, se acompanha de elevada morbi-mortalidade, principalmente por doença cardiovascular, além de inúmeras outras complicações. Nos últimos anos, chama-se atenção para o elevado número de publicações em revistas especializadas de primeira linha, que têm como objetivo pesquisar a obesidade. Isto não acontecia há 10 anos atrás, quando a obesidade não era considerada um tema suficientemente importante e sério para que os editores justificassem suas publicações. No entanto, felizmente, os fatos mudaram! Como exemplo disso, na presente edição dos ”Arquivos” encontramos três publicações originais sobre diferentes aspectos da obesidade.

A onipresença da doença

Here, There and Everywhere” é o título de uma das mais belas canções escritas por Lennon & McCartney, que exterioriza a vontade de ter a pessoa amada sempre por perto e em todos os lugares. No caso da obesidade, porém, a canção serve para comentar o quanto esta enfermidade encontra-se onipresente na sociedade. Atualmente, é um dos mais graves problemas de saúde pública no mundo, e está avançando de forma rápida e progressiva, sem diferenciar raça, sexo, idade ou nível social. Nos últimos anos, a obesidade deixou de ser um mero problema ”estético” e de ”desleixo”, tratado com despeito por pacientes e profissionais de saúde, para tornar-se uma alarmante e assustadora realidade. Os dados recentemente publicados da atualização 1999 -2000 do NHANES III demonstraram progressão da prevalência de obesidade nos USA, a despeito de todas as campanhas de conscientização sobre os malefícios causados pelo excesso de gordura corporal (2). Na verdade, esta progressão ocorre no mundo todo, inclusive em países de baixa renda.A obesidade é a forma mais comum de má-nutrição, contribuindo para o surgimento de diversas co-morbidades, decorrentes do excesso de peso corporal, do padrão alimentar inadequado e da resistência insulínica (2,3). Nos Estados Unidos, a prevalência de obesidade (IMC> 30kg/m2 ) em mulheres adultas é de 33,4% e, em homens, 27,5% (1) e no Brasil, segundo dados do inquérito nacional de 1997, a prevalência está em torno de 12,4% para mulheres e 7,0% para homens. Quando inclui-se também os casos de sobrepeso (IMC > 25kg/m2) estes valores elevam-se para 38,5% dos homens e 39% das mulheres (3). Nos EUA, a prevalência de obesidade grau III ou mórbida, como é mais conhecida (IMC >40kg/m2), é estimada em 4,7% (2). No Brasil, estes dados ainda não estão bem definidos, porém estima-se que sejam em torno de 0,5 -1% da população adulta (4). O estudo epidemiológico realizado por Souza et al (5) em Campos RJ, confirma os achados de maior prevalência de obesidade em mulheres, com aumento dos riscos com o avançar da idade, e o conseqüente aumento de patologias associadas. Nesta população, 35% das pessoas avaliadas tinham medida de cintura acima dos níveis considerados normais, o que aumenta de forma significativa os fatores de risco cardiovasculares.

A obesidade na infância e adolescência

É também uma grande preocupação em nosso país. Já dispomos de alguns estudos epidemiológicos bem delineados, realizados em diferentes cidades brasileiras, demonstrando que o sobrepeso e a obesidade, em algumas cidades, como Recife, já atingem cerca de 30% das crianças e adolescentes (6). Em Salvador, Souza Leão et al (7) evidenciaram uma prevalência de 15,8% de obesidade em 387 escolares, sendo que esta foi significativamente maior nas escolas particulares (30%) em relação às públicas (8,2%). Já nesta edição do ABE&M, o trabalho de Ramos e Barros Filho (8) demonstrou que, apesar de haver relação direta da obesidade na adolescência com o estado nutricional de seus pais, na população de escolares de Bragança Paulista, a prevalência de obesidade foi de apenas 3,5%, sendo considerada baixa quando comparada a de outras regiões do país.

Resoluções a caminho

Algumas medidas importantes já estão sendo feitas no sentido de reduzir a prevalência de obesidade em escolares. O Fórum Nacional sobre Promoção da Alimentação Saudável e Prevenção da Obesidade na Idade Escolar, discutiu amplamente este assunto, pretendendo-se estimular a implementação de programas de educação e estímulo à atividade física nas escolas e incentivo a mudança da qualidade da alimentação ofertada nas cantinas escolares, esta última, já implementada em Florianópolis e no Rio de Janeiro com bons resultados. no Brasil, principalmente nas classes menos favorecidas, a população esta passando da desnutrição para o excesso de peso e obesidade e, se não forem tomadas atitudes eficientes para conter este surto, dentro de vinte anos, os brasileiros estarão na atual circunstância dos Estados Unidos, onde a obesidade e suas complicações constituem um dos maiores problemas de saúde pública do país. Somos de opinião que crianças educadas com bons hábitos alimentares possam sugerir e influenciar os adultos, mais do que a recíproca, aonde adultos mal informados e já habituados a comer erradamente, desde a infância, não tem condições de ensinar corretamente seus filhos. Acreditamos que o indivíduo começa a ser forjado na infância para se tornar um cidadão útil e saudável. Ensiná-lo a comer de forma correta é tão importante como a vacinação em massa. Os bons hábitos alimentares servirão para a profilaxia das doenças crônicas degenerativos do adulto que são a endemia deste século; as sociedades médicas poderem contribuir com o desenvolvimento de um povo forte e saudável. É também interessante salientar, conforme demonstrado no trabalho de Moraes et al (9), também nesta edição, que mesmo em populações de pacientes que historicamente apresentam peso normal ou até baixo peso, como os pacientes com diabete mellitus do tipo 1, a prevalência de obesidade está aumentando. Isto decorre, provavelmente, do próprio aumento da prevalência de obesidade na população geral, mas também é uma conseqüência do tratamento intensivo da doença. Pacientes DM1 que adquiriram excesso de peso com tratamento intensivo com insulina apresentam níveis mais elevados de pressão arterial, colesterol total, triglicérides, LDL e menores níveis de HDL (10). Portanto, o tratamento intensivo melhora os níveis glicêmicos reduzindo a progressão de doença microvascular, porém pode aumentar a prevalência de obesidade e de gordura abdominal, e conseqüentemente de todos os fatores de risco associados. O que fazer perante este dilema? As soluções atualmente disponíveis para combater este grave problema, infelizmente, são bastante limitadas e com resultados frustrantes a longo prazo. Os próprios médicos, muitas vezes, não encaram a obesidade como um problema grave, que deve ser tratado com a mesma preocupação com a qual se controla uma hiperglicemia ou se trata uma cardiopatia isquêmica, não por ignorarem o assunto, mas por seus frustrantes resultados, levando a um desgaste na relação médico e paciente. Muitas pesquisas estão em andamento procurando isolar fatores genéticos, fatores intrínsecos e hormônios envolvidos na gênese da obesidade e com isto desenvolver novos medicamentos ou até terapias gênicas, mas, enquanto isto não for realidade, é fundamental que haja um maior comprometimento das políticas de saúde pública a fim de alertar sobre os perigos da obesidade, sedentarismo e alimentação inadequada, e propiciar a toda população, independente de classe social ou plano de saúde, acesso a tratamentos éticos e seguros para a obesidade e suas co-morbidades.

REFERÊNCIAS

  1. Drenick EJ, Bale GS, Seltzer F, et al. Excessive mortality and cause of death in morbidly obese men. JAMA 1980;243:433-5.
  2. Flegal KM, Carroll MD, Ogden CL, Johnson CL. Prevalence and trends in obesity among USA adults, 1999-2000. JAMA 2002;288:1723-7.
  3. Clinical guidelines on identification, evaluation, and treatment of overweight and obesity in adults. The evidence report. Bethesda: National Institutes of Health. National Hearth, Lung and Blood Institute, 1998.
  4. 1º Consenso Latino-Americano de Obesidade. Rio de Janeiro, 1998.
  5. Souza LJ, Gicovate Neto C, Chalita FEB, Reis AFF, Bastos DA, Souto Filho JTD, et al. Prevalência de obesidade e fatores de risco cardiovascular em Campos, Rio de Janeiro. Arq Bras Endocrinol Metab 2003; 47/6:669-76.
  6. Balaban G, Silva GAP. Prevalência de sobrepeso em crianças e adolescentes de uma escola da rede privada de Recife. J Pediatr 2001;77:96-100.
  7. Souza Leão SC, Araújo LMB, Moraes LTLP, Assis AM. Prevalência de obesidade em escolares de Salvador, Bahia. Arq Bras Endocrinol Metab 2003;47/2:151-7.
  8. Ramos AMPP, Barros Filho AA. Prevalência de obesidade em adolescentes de Bragança Paulista e sua relação com a obesidade dos pais. Arq Bras Endocrinol Metab 2003;47/6:663-8.
  9. Moraes CM, Portella RB, Pinheiro VS, Oliveira MMS, Fucks AG, Cunha EF, et al. Prevalência de sobrepeso e obesidade em pacientes com diabetes tipo 1. Arq Bras Endocrinol Metab 2003;47/6:677-83.
  10. DCCT Research Group. Weight gain associated with intensive therapy in the Diabetes Control and Complications Trial. Diabetes Care 1988;11:567-73.

 

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